19 de março de 2008

Soneto de Fidelidade

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
(Até um dia meu anjo)

Vinícius de Moraes

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei da pequena coletânea de poemas...até pq gosto bastante de lê-los...O da cecília é algo assim q desde a 1ª vez q li, marcou aqui dentro...muy bueno.
Então vamos lá, certa vez ouvi uma pessoita ler e tentar decorar esse q postarei logo abaixo, a princípio ñ o entendi, apesar de tê-lo praticamente decorado, um ano após compro um livro de Fernando Pessoa, e dou de cara com ele lá, marcou tb:
"Autopsicografia
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração."

Fernando Pessoa